IR E VIR... de um estado de corpo em transformação

30º semana

A idéia de escrever sobre as transformações corporais sentidas na gestação não surgiu agora, ou seja, na trigésima semana. Tornou-se desejo, desde o 1º dia que confirmei a gravidez. Entretanto algumas questões pessoais, me fizeram "suspender" este propósito. Mas agora, estou aqui, nesse IR E VIR, onde se misturam fatos vividos nos primeiros meses , com os de agora, na última etapa da gestação. E seguirei assim, nessa trilha, misturando os fatos... sem a preocupação com uma ordem cronológica. O que acho muito bom!!!! Afinal não gosto da linearidade, me acostumei a viver com as descontinuidades seguidas de continuidades.

Vamos lá...

Essa semana tenho andado bastante assustada. Tenho sentido pequenas contrações uterinas, ditas como fisiológicas, como uma preparação para o parto. Mas devo dizer, que não é nada confortável. Tento ficar quieta, mas agora mesmo, escrevendo no blog, sinto contrações. Como um TAM-TAM... Que empurra, empurra involuntariamente.

Um mix de medo, de um parto prematuro e certo prazer, por sentir meu corpo se conformando para o nascimento de Maria Elisa. O útero que se estende, minha filhota que se encaixa e passa a ficar na posição do parto normal (como na imagem acima).

O que é mais louco é a impossibilidade de controle sobre toda essa transformação. Logo eu, que sempre fui tão atenta ao meu corpo, como uma estratégia de controle e sobrevivência. Qualquer sinal de mal- estar, por exemplo, lanaçava mão de minha experiência quase médica (intuitiva, é claro) para "segurar a onda". Afinal cresci cuidando de mim mesma, das minhas sequelas da prematuridade. E conhecia cada sintoma de queda de pressão, pré-desmaio, taquicardia, etc. Como companheiros de vida, na qual a convivência foi necessária para prosseguir com possibilidades de "controle interno". E agora?

Elisa está aqui. Seu desenvolvimento é totalmente NOVO para mim. Em cada fase aprendo e vou incorporando seu percurso no meu útero como algo a conhecer. Me acostumei com a explosão dos hormônios, as mudanças no cheiro do suor e o olfato apuradíssimo no início da gestação, mas agora... sua presença física é sempre uma surpresa. ALGO QUE ME TOMA DE ASSALTO!! Diferente de uma presença química, quase que silenciosa, ou deslocada para outros sinais, como a extrema sensibilidade. Entretando o que vale agora é a sua FISICALIDADE: são seus movimentos fortes, bruscos e inesperados.

Elisa chuta, dança, reclama. Se durmo do lado direito (não aconselhável) ela se movimenta e me acorda. Chuta mesmo! Porque é justamente o lado que ela costuma dormir. E me acorda de madrugada, geralmente às 3h, para que eu fique na posição confortável para ela. Nem sempre para mim. Mas é claro que obedeço!!! Também costuma brincar com o cordão umbilical, digamos que estica, e sinto aquela sensação gostosa de uma dor fina.

Ahhhh!!! Escrevo que esse é um privilégio. Senti-la viva dentro de mim. Com sua fisicalidade em forma de voz, personalidade que já se impõe no seu universo particular. Na qual apenas participo, de forma agradecida e abençoada por Deus. Ela está aqui, agora mesmo... mexendo... se estendendo dentro do meu ventre. Obrigada Senhor Jesus!