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domingo, 25 de julho de 2010

INSTINTOS ANIMAIS NA GESTAÇÃO...


DARWIN TINHA RAZÃO! Muito do meu comportamento manifestado na gestação não surgiu do nada, são traços herdados pela linhagem animal. Não quero com essa hipótese polemizar sobre a origem da vida, ainda que acredite nas duas possibilidades apresentadas a mim, ou seja, a Darwinista e a religiosa (descrita em Gêneses na Bíblia). MESMO QUE SEJAM OPOSTAS! Mas faço um bololô entre a espécie animal, Adão e Eva.

Mas vamos para o que me toca... É impressionante como percebo certos traços animais em mim. Digamos que traços presentes entre os mamíferos, a começar pelos grandes e pequenos felinos. Espécie que tenho mais familiaridade, devido a minha prática como Médica Veterinária. Vamos lá...

- HABILIDADE EXTRA-SENSORIAL: Certa capacidade de prever as coisas (presságio). É claro que isso já estava aflorado em mim. Por ser uma pessoa mais atenta ao universo e as intuições. Mas com a gestação, digamos que essa habilidade veio junto com um instinto de proteção da cria, preservação da espécie. Pois outro dia aqui na rua tinha um carro estacionado atrás do carro que iríamos sair. Mas na hora que ia entrar no carro (para esperar que o de trás desse a marcha ré), recuei. Fui questionada. E disse: “Não vou entrar porque é bem capaz que o carro do fundo cause um acidente. Bata no seu. E eu dentro do carro, terei um impacto muito maior”. O que aconteceu? Exatamente isso. Uma batida sem estragos maiores, porém de grande impacto. Tanto que do lado de fora, tomei um susto tão grande, que fiquei me tremendo. E ainda ouvi: Ehhhhhh boca!

- ESTADO DE ALERTA: Sinto-me como se tivesse expandido todos os meus sentidos. O olfato, a audição, a visão, o paladar... Como estratégias corporais de sobrevivência. A exemplo, do paladar, pois se como algo e percebo que não está bom, não como. Como também a visão. Ainda que míope, parece que o campo visual ampliou-se. Hoje sinto que tenho visão periférica. Acreditem! A sensação é que tenho um tipo de radar corporal. Acoplamentos no corpo (papilas gustativas, bigode, orelhas e rabo, como nos felinos) a sinalizar se algo não vai bem. Para que, a depender da situação, possa variar entre uma extra-cautela (precaução) e ousadia (agressividade). Traços de sobrevivência herdados da espécie animal.

- OUSADIA/AGRESSIVIDADE: Quero sublinhar esse traço. Para tal tarefa, imaginem alguma fêmea lutando para proteger a sua cria. E por que tal destaque? Justamente, porque o meu comportamento habitual tende a mansidão, para não escrever certa covardia. Não costumo confrontar e nem tirar satisfação de nada. Mas agora... Tenho uma resposta afiada na boca. E sou capaz de brigar para manter a minha cria aqui comigo. Como se não houvesse mais nada importante nesse mundo, apenas o meu filhote, a minha filha. Sou capaz de dar a vida por ela. E devo dizer que isso tem gerado muito stress. Quando vejo, já disse um monte de coisas. O que dizer? Penso que são traços da personalidade herdados de maneira evolutiva da linhagem animal.

- SELEÇÃO: Digamos que é uma tendência muito ligada ao estado de alerta e pode ser traduzida como a capacidade de avaliar/selecionar qual é o lugar/ambiente seguro para habitar/estar. Pois na gravidez além das recomendações para reduzir o trânsito entre os ambientes, por conta da prevenção de doenças ou até mesmo pela própria restrição da movimentação e falta de agilidade, sinto que tem algo mais... Parece que quando chego a um ambiente, faço instintivamente uma busca territorial. Como quem faz um estudo para avaliar se o lugar que me encontro é de fato seguro. Vejo-me como um animal que estuda cada saída, cada abrigo, etc. como um mecanismo de proteção contra predadores. Falo assim, porque estou muito mais atenta às possíveis situações de perigo ou pessoas que se aproximam no cotidiano. Talvez esse traço tenha sido muito estimulado no período que fiquei sozinha em São Paulo e precisava calcular meus deslocamentos diários. Afinal era somente eu e minha cria. Quem nos salvaria?

- ECONOMIA DE ENERGIA: Ahhhhh esse traço tem sido observado constantemente. Ainda que de formas distintas nas diversas fases da gestação. Como se a fadiga, a falta de concentração e memória fossem estratégias corporais para economizar energia. Vamos contextualizar... Digamos que no início da gestação a vontade incontrolável de dormir (o sono desesperador que te faz dormir em pé, se preciso!) e certa lentidão, podem ser entendidos como comandos corporais para redução do ritmo. Afinal é preciso desacelerar e não cometer esforços desnecessários para se garantir a implantação do embrião no útero. Uma economia de energia revertida à sobrevivência do outro ser no corpo. Nesse sentido o corpo é muito inteligente, se refaz quimicamente para garantir a permanência da espécie. Já depois do 4º mês, após a fase de adaptação hormonal com todo aquele enjôo e olfato exacerbado, percebe-se uma falta de memória absurda. Assim como uma grande dificuldade em fazer conexões dos acontecimentos. Sabe aquele personagem que ficava dizendo: ahhhh é! E parava segundos tentando fazer as conexões mentais? Senti isso, principalmente nos estudos do Doutorado. A minha disponibilidade corporal para leitura decaiu mais de 60%. Para ler um capítulo de um livro demorava horas. Relia os parágrafos e as conexões demoravam a acontecer. SEM CONTAR NA PERDA DA MEMÓRIA. Esqueci nomes, telefones, nº de CPF, etc. Por isso sou uma apaixonada pelas Ciências Cognitivas e Darwin. O corpo precisa economizar energia, deslocando-a internamente. Ao invés de gastar coma lembrança do nº do CPF, por que deslocá-la para o feto? Energia para manter o bebê aquecido, alimentado e protegido.
E como diria Rita Lee: "mulher é bicho esquisito, todo mês sangra". Eu acrescentaria: "...e que na gestação utiliza todo o seu instinto animal a favor da sobrevivência da cria". Vai encarar?
E você, quais foram as suas percepções ou instintos aflorados?

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