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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

TEM COISAS QUE SÓ A GENTE PODE FAZER. APRENDA ISSO FILHA!


Filhotita,

Que noite, hem? Mal dormimos. Se muito, 1h? Desculpa filha, sua mãe está tão sensível, de modo que, muitas das coisas que acontecem são amplificadas por essa sensibilidade. É que sua mãe com o término da gestação e a chegada do parto, FINALMENTE aprendeu que tem coisas que SÓ a gente pode fazer. Pois ainda que conheça a fidelidade de DEUS e tenha todo o AMOR de seu pai por perto e da família. Mesmo assim, filha, é muito delicado a sensação de sentir-se só.

Digamos que o PARTO é um segundo nascimento. E como qualquer nascimento, só você pode dar conta disso. Será nosso nascimento. O seu, que aprenderá a sobreviver e a lutar pela vida, nos primeiros momentos fora do ventre de mainha e eu, aprender com algo que desconheço e que não tenho total controle. Vivenciar algo que se inaugura para nós duas!!! E não existe conhecimento prévio.

POR ISSO CARREGO TANTAS PERGUNTAS..

Como será? De dia ou de noite? Será que terei contrações? A bolsa vai romper? Ou você apenas nascerá? Dará tempo de ligar para seu médico? De chegar na maternidade? Quem vai nos levar? Será, de fato, uma cesária? E seu pai estará conosco? Ou estaremos sós? Mais uma vez, eu e você? Sem contar, das outras inquietações pós o parto... a sua saúde, o seu bem-estar...E da preocupação com seu pai na estrada, caso ele esteja ainda em Paulo Afonso.

A sensação que nos invade é a de total impotência. Porque uma coisa é fato: não temos o controle de nada. Você e a natureza é que mandam! Eu só obedeço. E por mais que a gente tenha feito todo um acompanhamento médico direitinho e tudo esteja BEM, graças à Deus, mesmo assim, dá um medo danado!!! Nessas horas, parece que mamãe não fez curso maternidade, não leu nenhum livro sobre gestação, sites, etc. NADA!!!! Nem a aprendizagem como mestrado e doutorado ajudam.... Me sinto uma total ignorante. E SOU!!!!! Engraçado, isso, né?

E sabe o que vem junto a tudo isso... uma necessidade de compartilhamento. Que o outro esteja aqui. Principalmente o seu pai. Pois, a sua presença, parece que dá um outro sentido a essa solidão. Mas não falo apenas em presença física, e sim do cuidado, da sensibilidade, de vivenciar isso junto. E dizer que está com medo também. De ligar dizendo palavras de afeto, sei lá...

Acontece filha, que os homens, vão em outra direção. Se preocupam em prover a casa. Igualzinho ao tempo das cavernas!!!!! Se preocupam com o abrigo, com o fogo e com a caça. Com seu pai, não seria diferente. Afinal ele se preocupou com o nosso bem estar físico em São Paulo, nos deu todo o conforto necessário, também providenciou tudo para sua chegada: móveis do quarto, enxoval, coleta das células-tronco, etc. Digamos que seja uma outra forma de estar presente e demonstrar afeto.

Entenda, não estou fazendo críticas. Apenas uma leitura... Sabe por quê? Porque a hora do parto chegou e é um outro tempo. Para nós duas, o parto não é apenas o momento em que você sairá da barriga de mãe e ouviremos seu chorinho. Já estamos lá, hem? É AGORA! E já vivemos a melancolia da despedida - a saudade do ventre e a ansiedade por um OUTRO MUNDO que nos aguarda. Enquanto seu pai, ainda está fazendo as contas da gestação (Risos). Ontem mesmo me disse, após uma conversa tensa: "mas, você ainda está entrando no 9º mês".

O que dizer? Cada qual tem o seu tempo e sua espera. Por isso, hoje, escrevi a seguinte chamada no orkut: "para essa espera... tenho que perder as contas e ter a alma e o corpo, nús". Vamos tentar entendê-lo, né filha?

A questão é que nós fomos muito mal acostumadas. E são momemtos como este que caí a ficha literalmente. Vou explicar...

Nós mulheres vivemos grande parte da nossa vida em compartilhamento. Como assim? As nossas escolhas já nascem co-dependente do outro. Quando filhas, vinculam-se aos pais. Depois quando começamos a ter uma autonomia do corpo, afetivamente/sexualmente falando, nos ligamos ao namorado e posteriormente, ao maridão. E a nossa autonomia, vai sendo tecida assim, junto ao outro. O que de certa forma, dá uma sensação de pertencimento e divisão. SIM!!! O que é bem legal... Mas a prática é outra coisa. Xiiiiii...tem uma cilada, aí...

Pois, em momentos como este, a hora do parto, aprendemos que só nós, mulheres, podemos dar conta... NÃO EXISTE ESSE COMPARTILHAMENTO TODO. AFINAL QUEM VAI SENTIR A DOR POR VOCÊ, SE NÃO VOCÊ MESMA? E que a presença do marido, avôs, avós, tias... amigos e amigas... não vão de fato, fazer o trabalho de parto por você. Ainda que a presença, ajude e muitooo.

(Aqui abro um parentêses para falar da saudade de seu avô Alfredinho e a falta da sua presença como pai em minha vida. Talvez com ele ao meu lado, o sentir-se filha ajudasse a atenuar a fragilidade. Entendo que muito da minha angústia vem da constatação de que ele não está aqui e que não tenho meu pai para me proteger.)

Por isso, acredito que a experiência do parto nos faz seres de outro planeta. SÓS nos tornamos mais fortes e quase sobrenaturais. Porque aprendemos que é do nosso substrato corpóreo que vem a força... das nossas células mesmo. Células, entenddidas como um CHAMADO DIVINO DA VIDA.

Sendo assim, filha, VAMOS AGRADECER por termos nascido Mulher!!!!! Viu?

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